Exercícios poéticos, apaixonados e patéticos: pequenos mergulhos e vôos, para compartilhar...

29 de ago. de 2006

Escrito nas Estrelas















Entre efêmero e eterno
transitamos
entre o que foi
e o que ficou
afinamos

os passos de passageiros
finitos do infinito
preparamos

a fuga, entre mínimas e semibreves
filosofamos
entre sons e silêncios e vozes

pausamos
procuramos direções,
sintonias
paz e prazer

melodias
mesclamos tintas e linhas

tecemos
com fio de lágrimas e estrelas

novas encruzilhadas
nuanças, harmonias, compassos
incorporando em nós o Outro

de novo fascinados
para mais tarde estranhar

nas poeiras das estradas
as pedras e
espinhos
e cacos de vidro

perdidos nos caminhos
mas nem por isso cedemos

aos medos e jamais
achamos
que é tarde
e nos virando ao avesso

arriscamos
reinventar histórias e
segredos...

26 de ago. de 2006

estrelas


Tua presença deixa em mim impressões... no pensamento, na pele da alma, na palma da mão... como se já tivesse vislumbrado, um dia, tua luz... teus traços, tua força invisível... As surpresas da vida são estrelas e encruzilhadas... cruzamentos, entrançamentos de fios... que se afastam, parecendo se perder,para mais tarde voltarem a se encontrar, no finito-infinito de suas procuras, nas curvas dos caminhos... Ora o encanto com estrelas-paixões que embebem a alma em seu mel... ora procurando novos brilhos para, no fim, voltar a se reencontrar, no fundo de si, em luzes de constelações conhecidas... eternos viajantes no cosmos volátil da invenção... É preciso saber ver o invisível e perene nas estrelas que temos nas mãos... para que elas não se percam em nossa sede insaciável de vôos, enquanto já possuímos tesouros entre os dedos e os fios de nossos bordados...

10 de ago. de 2006

Recomposição...


Vou pintando meus dias e noites
sobre o avesso ou direito da tela
vendo estrelas e nuvens em teus
olhos enluarados e em cada
volta da vida ligeira e bela
que se desfaz e refaz em fuligens
se recompõe sobre poeiras, matizes
redesenhando universos em nós...
Crio nos versos e ventos as asas
do tempo a tecer novas tramas e rendas
nos espasmos de corações e amores
revejo luzes, espinhos e cores
que me transportam a ti, enlaçando
caminhos, cicatrizes, segredos
e sumos misturando, sem medo
de se aventurar a outros vôos
buscando flores de agosto em janelas
azuis e roxas, laranjas, amarelas
nas esperanças de setembro vontades
desejos transparentes de ser, liberdade...