Exercícios poéticos, apaixonados e patéticos: pequenos mergulhos e vôos, para compartilhar...

31 de mar. de 2006

Viagem da Vida





Re-inventamo-nos... Fiamos nossas linhas, tecemos nossas rendas, fazemos-desfazemos fios, desenhos, traços, laços...recortamos tempos e recordações... colamos, cruzamos e entrelaçamos caminhos... criamos e pintamos casulos e constelações... mergulhamos em zonas abissais pilotando naves inventadas e recolhemos conchas, tesouros e estrelas das profundidades multicoloridas... tocamos em tímidas anêmonas e arriscamos contemplar apavorantes e encantatórias medusas, mães-dágua translúcidas, transparentes e trêmulas... sonhamos com fadas sensuais e sedutoras sereias... encaramos monstros imaginários, saímos vencidos-vitoriosos e voltamos à tona (in)visivelmente transformados... seguimos nesta valorosa viagem sobrevoando oceanos violeta-esverdeados... espiamos o espaço azul-anil, vaporoso-volátil e vivo de mistérios vendo aves, anjos e luas cintilantes em híbridos bandos alados... brincamos com o vento e a invenção do infinito, ondulamos movimentos oníricos e astrais, alçamos vôos sinuosos ao paralém de nós... Sobre-vivemos!


28 de mar. de 2006

Reinvenção


Renasci... agora é preciso... (me) reinventar!...

Que cores, que formas, que flores para compor um ser (ainda) tão volátil?...

Que linhas, que sonhos, que laços para tecer nossos diagramas-re-bordados?....

Que trilhas, que caminhos e desvios para encontrar meus eus nos próprios labyrintos (revirados)?...

Que vozes, que luzes, que fios e luas cheias ao inventar novas canções no fundo da alada-alma-amante?...

Tudo cheira a chuva no verde-violeta do jardim... e meu desejo é que faças sempre parte de mim, Flor de Lyz em meu mundo recriado!...

27 de mar. de 2006

Borboleta-Leoa


Borboleta-Leoa, renascida!...Após travessias doloridas dolorosas delicadas, recuperam-se juba e asas, cores e garras, olhos e antenas!... Luzes ao longe, luzes bem perto, luzes azuis e lylazes em todos os pontos e encontros do dia, da noite, nas manhãs paridas em rosadas auroras!... Vôos over e inside, cabeças compostas de cores-poemas, almas alegres-aflitas para lançar-se ao abismo-cosmo da criação, chuvas no jardim de Eros, sóis e luas espiando os sonhadores viventes, presenças e ausências pintadas em terrosos e celestes tons, fogosos e aquáticos matizes, labirintos nunca plenamente desvendados - sempre descobertos - vezenquando adivinhados em nossos mundos tecidos de paixão, nos caminhos incomuns da amorosidade, divina e desejante, e-ternamente benigna! Renasci, felina e alada, entre asas e espinhos, entre pétalas e pó de poesia, metAMOR foseada, neste final de mágico-março, temperado de bem-querer dourado-moreno, adocicado por transparentes gotas de fé infalível e enfeitado com grãos de alegria lírika, inesgotável...

23 de mar. de 2006

De repente...


...De repente, parece que está tão tarde!... Chuva forte cai na noite quente, ruído na rua vazia, no telhado molhado, na calçada antiga... Mais de uma hora até o anjo dourado mais velho chegar, e mal o anjo dourado mais novo acaba de brincar, cheio de inocente alegria infantil - que, neste instante, me parece um imenso mistério!.... De repente, uma solidão me envolve e só a certeza dos anjos presentes me salva e acalma, o espaço infinito liberta e assusta, o eterno do tempo encanta e intriga, a incerteza de tudo aflige e desata, tudo flui, tudo cai, tudo flutua, tudo se cria e se esvai... De repente, uma saudade quase atroz de teu abraço, de teu corpo-e-alma entrelaçados ao meu, flores a se amparar, beijos e perfumes na noite de luar, na manhã de sons de aves, nas tardes de outono, inverno, primavera e verão... De repente, uma vontade de voar até teu ser adormecido ou desperto e lúcido e pedir socorro amigo, socorro amante, socorro humano e divino para uma alma aberta ao cosmo e fechada à própria sombra que espia, sussurra e salta de secretos esconderijos escuros , provocando sustos imprevistos e mínimos surtos insanos, saltos nos abismos... a segurança que resta é um frágil fio de Ariadne, fina teia de aranha, e asas de borboleta tecidas de seda, resistentes às sandices... De repente, vontade de dizer o quanto algo no fundo de mim sofre e chora, sem saber o porquê, sem saber como me auto-socorrer, quando só orações (a Anjos da Guarda, Pais Nossos, Aves Marias...) mantém a fé acesa como trêmula chama de uma velinha ao vento, quando só a certeza da força do Amor mantém o calor no coração e comanda seu compasso semi-firme nesta hora de travessia...
...De repente, as cores e formas pintadas se esfumaçam diante de meus olhos cansados e a noite (criança, anciã?) me olha com olhos vesgos, verde- azulados, reflexos prateados lançando luzes lunares sobre o planeta aquático-terroso, a alma sai do corpo-casca-casulo e voa pelo ar... De repente, vejo a vida breve e infinita, vislumbro portas e janelas no além de nós, no enigmático movimento lento-veloz da existência, no mistério indecifrável do ser... De repente, tudo que mais gostaria seria segurar tuas mãos entre as minhas e dançar entre teus dedos, acariciar teus cabelos, recriar e receber as energias estelares provindas do profundo das peles louras ou morenas, do recôndito da alma que tanto amo sem saber como chegar ao centro do labirinto lylás, mas com vontade de adentrar em seus mundos mandálicos, semeando e carregando flores, enfeitando de cores e amores seus caminhos, enquanto nos for permitido compartilhar olhares e passos, vôos e mergulhos, no cruzar das trajetórias cósmicas luisianas...